Meu colorido já não vai ser mais dolorido por ti
Meu couro preto é África, é mouro também, mas já não sou mais tua moreninha
Deixei de limpar teus caminhos,
Deixei de ser tua distração,
Colei meu grau e já não sou mais teu degrau
Não nasci pra te abanar, nem pra te servir nada
Minha força física é só pra mim
Minha sensualidade é só pra mim
Estou toda minha ancestralidade, meu sagrado e meu oculto
E minha inteligência já não teme mais teu preconceito
Por enquanto meu sangue pode escorrer em mil Marielles, mas ele sempre vai arder e a ti jamais pertencer
Pris de Souza
(Psicanalista – Porto Alegre/RS)