Psicanálise: Confins – memória, política e sujeites sem direitos

Psicanálise: Confins – memória, política e sujeites sem direitos

Paulo Endo acaba de publicar um livro reunindo dezenas de ensaios abrindo frestas para pensarmos a psicanálise e os confins deste Brasil que ensaia outros horizontes. O título do livro já diz muito.

São 500 páginas que se abrem ao diálogo. O livro pode ser acessado gratuitamente neste link

http://bit.ly/Confins-OA

Haroldo de Campos ao comentar sobre um dos poemas de João Cabral de Melo Neto, “Uma faca só lâmina”, o nomeava como um geômetra engajado. João Cabral traz a imagem de um almoxarifado com palavras extintas, asfixiadas por debaixo do pó e “ outras despercebidas em meio a grandes nós”. Paulo Endo entra nesta oficina para sacodir a poeira e enfrentar a ruina das palavras. Este é um trabalho somente para aqueles que correm o risco de se aproximar dos espaços imprecisos, indefinidos e abertos onde a linguagem nos desafia a encontrar novos caminhos. A asfixia acontece quando a vida se coagula e se paralisa no trauma, na violência, na tirania dos dragões da guerra que atacam a palavra aberta e são intolerantes às formas de vida que não reconhecem. A psicanálise sempre buscou escutar estes confins, pois é ali que podemos dar voz a um escuro de dentro.
Esta obra tenciona o pensamento psicanalítico em inúmeros campos do conhecimento onde Paulo Endo tem transitado estes anos todos: a política, a história, a filosofia, a literatura e a arte. Este percurso não é somente feito no plano intelectual, mas acionado por sua militância ativa na causa dos direitos humanos em seu amplo espectro. Paulo é também um geômetra neste deserto que temos que atravessar nos tempos tão difíceis que vivemos no Brasil e no mundo. Um tempo onde o desprezo pela memória tem nos exigido novas estratégias de ação e pensamento. Psicanálise: confins busca responder a este desafio.

Edson Luiz André de Sousa