Morreu nesta terça feira, dia 4 de outubro Márcio Silva com 58 anos. Neste mesmo dia e antes de saber da notícia havia falado sobre ele em uma conferência na Universidade Federal de Pelotas e que intitulei , “Sonhar juntos para não naufragar: arte, memória e utopia”. Márcio era taxista e reagiu a um ato insandecido de um sujeito que resolveu derrubar as cruzes em homenagem aos mortos pela Covid na praia de Copacabana em 2020. A manifestação era um gesto simbólico de luto e homenagem aos mortos pela covid.
Márcio havia perdido dias antes um filho de 25 anos pela covid.
Ele recoloca em silêncio as cruzes no lugar, repetindo o gesto de Antígona..
Naquele momento eram 40 mil óbitos. Hoje chegamos a quase 700 mil.
Entre suas declarações lembro desta “nossa dor não é mimimi”. Reagia a fala do presidente (Creonte) que declarou em março de 2020 “… chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando…”.
Márcio, pedimos todos desculpas pela morte do teu filho. O luto , provavelmente não feito, abreviou tua vida. Triste este país , representado por este clima de ódio e desprezo pelo dor dos outros.
O Brasil não pode se transformar em um imenso cemitério de sonhos… 30 de outubro será crucial para nosso futuro.