Enorme esforço tem sido feito por muitos setores da sociedade brasileira para que o descalabro não tenha continuidade. Parte dos movimentos sociais, ONGs, ativistas, intelectuais, parte dos parlamentares, imprensa livre e mídias corporativas, alguns governadores e prefeitos trabalham há quase quatro anos para que o país não encontre seu fim no próximo dia 30.
Tem sido uma luta intensa que exigiu de muitos de nós esforços extraordinários diante de obstáculos que, por vezes, pareciam intransponíveis. Entramos na última semana com as calamidades e o desespero dos bolsonaristas se intensificando e as pesquisas consolidando vantagem muito parecida a que Lula teve no 1o. turno. Há ainda alguns dias pela frente, mas a tendência é a vitória de Lula nas urnas, tendência que não se modificou nas quatro semanas que antecederam o segundo turno. Mas nada está garantido nesse país improvável.
Em artigo anterior no PPD destacava a possibilidade de atentado a Lula. Hoje estamos acompanhando o simulacro de atentado a Tarcísio que terminou com a morte de um provável inocente. Tudo para essa horda tende a ser resolvido à bala e contabilizando mortes.
Há todavia uma outra certeza. Bolsonaro se move para lançar suas granadas. Seu método, em caso de derrota, será a força bruta e o desrespeito às pessoas e ao país, como nunca deixou de fazer desde que era deputado. Provavelmente não meterá uma bala na cabeça como fez o alto comando nazista após confirmada sua derrota. Não, a covardia dele e de seu clã não permitiriam esse desfecho. Melhor meter bala nos outros/as.
Ele conclamará sua horda de monstros para ocuparem as ruas, acompanhado do apoio das polícias e de parte do exército que, por sua vez e com raríssimas exceções, sempre estiveram a postos para fazer ressoar as imbecilidades de seu chefe e destruir de vez a imagem – já negativa -que as forças armadas tem no país.
Lula foi extraordinário até aqui. Formou a tão propalada frente ampla e, como já sabíamos, provavelmente sem ela não teríamos chance. O antipetismo também fincou raízes e bolsonarentos/as raiz ocuparão o parlamento.
Considerando que o clima nas ruas, as pesquisas e nossas melhores esperanças estejam corretas, imediatamente após a resultado terão início as movimentações pelo golpe.
Não sabemos de onde virá nem como. Se haverá método e estratégia ou não; se as instituições de segurança agirão para salvaguardar a democracia ou não; se os democratas agirão a altura ou não.
São irrupções para as quais ninguém está totalmente preparado, porém, como disse Bebianno, temos certeza que será tentado. A trama do bolsonarento jefferson é um primeiro passo. Teve final feliz porque era apenas um indivíduo que ridiculamente atentava contra toda a força policial.
Mas essa encenação serviu para demonstrar algumas coisas:
1-As pessoas tem arsenais de armas legais e ilegais guardadas em suas casas
2-O presidente dará as instruções por suas redes, como deu para jefferson que o obedeceu cegamente, entregando-se inclusive quando o chefe ordenou.
3-Impasses podem ser criados lentificando o combate a excessos e interpelando a ação das forças de segurança, como a interferência indevida de ministros e parlamentares bolsonarentos. O envolvimento direto delas/es promovendo balbúrdia e confusão nas ações que cabem aos distintos poderes e às forças de segurança poderá confundir a ação ágil das polícias em suas ações de repressão, como aconteceu no domingo. Oito longas horas para prender um indivíduo idoso e perigoso afrontando toda a força policial com tiros e granadas.
4-O grupo de ultradireita das forças armadas estará pronto a se manifestar verbal e fisicamente, como ensaiou o general Heleno em todas as oportunidades que teve ao longo dos anos e dias atrás: “não é possível admitir a volta da quadrilha vermelha”
É importante que todas/os as opositoras/es do atual governo e defensores da democracia sejam alertados agora, sobre como reagir diante de tentativas de golpe e orientados a se organizar caso ensaios golpistas aconteçam.
O momento mais importante da história recente do país acontecerá no dia 30 e nos dias que sucederão e sabemos, como sempre soubemos, que a vitória nas urnas que será fundamental, no Brasil de bolsonarentos/as, ainda não será o suficiente.
É fundamental que logo após as eleições haja uma agenda programada nos próximos meses pelo FORA BOLSONARO! nas ruas, nas redes e no país inteiro. Bolsonaro só deve sair se constatar sua fraqueza ou se for escorraçado. Sabe bem dos riscos que corre sem foro privilegiado.
Nesses últimos quase 4 anos não houve motivos para não acreditar nas destruições prometidas e, estrategicamente, essa é a pior hora para deixar de acreditar. A vitória nessas eleições só acontecerá quando Lula estiver no Palácio do Planalto, com a faixa presidencial no peito.