Repúdio ao processo de impeachment e à repressão às manifestações de oposição ao governo Temer
Desde a sua reorganização, no difícil período da ditadura militar, a atuação da Adusp, entidade de representação dos docentes da USP, caracterizou-se pela luta por democracia, pela defesa intransigente dos direitos humanos e pelo posicionamento firme contra a imensa desigualdade social que persiste no país.
Coerente com essa trajetória, a Diretoria da Adusp manifestou-se contrária aoimpeachment, em nota de dezembro de 2015, não por razões de cunho partidário ou governista, mas por entender que o processo todo estava sujeito a manipulações por grupos de interesse, cujas agendas políticas encontravam-se muito distantes das necessidades da maioria da população. Além disso, a nota pontuava que o instrumento legal de impeachment, usado de modo indevido, deixava de ser um mecanismo de defesa da democracia, para tornar-se um meio de fragilizá-la, colocando em risco o processo de amadurecimento das práticas democráticas no país.
A partir da decisão do Senado em 31/8, a Diretoria da Adusp entendeu por bem reafirmar seu repúdio à materialização desse impeachment, com contornos de golpe de estado, que trará consequências ainda mais graves ao exercício dos direitos sociais, civis e políticos, como já se evidencia, por exemplo, nas anunciadas reformas da previdência e trabalhista e na proposta de congelamento e desvinculação de recursos públicos para a saúde e a educação.
A Diretoria da Adusp alerta, ainda, que é inaceitável a escalada de repressão e violências das polícias militar e civil, que se instalou em São Paulo e em outros estados, contra a população e manifestantes, que legitimamente se mobilizam em oposição ao impeachment e à investidura presidencial de Michel Temer.
São Paulo, 14 de setembro de 2016
Diretoria da Adusp