Sobre Boulos e Cerejas – Eleições 2020

Psicanalistas pela Democracia entra de cabeça na campanha Boulos/Erundina. Em nossa opinião esse é um dos fatos políticos mais importantes dos últimos anos no Brasil e pode significar uma guinada democrática fantástica na maior cidade da América do Sul. Caso isso aconteça, uma nova onda virtuosa se criará nos preparando para o desafio maior de 2022.

A conquista inédita da chapa Boulos e Erundina no primeiro turno, com 17 segundos de televisão e um trabalho fantástico nas redes, revelou não apenas a ascensão de um novo eixo de organização das forças de esquerda e democráticas em São Paulo e no país, como também ensejou a retomada da união de todas as forças que se levantaram e ainda estão em luta aguerrida para barrar a ascensão da miliciarização do país desde 2016.

A gestão Erundina, reconhecida e admirada como aquela que interpôs obstáculo à sucessivas gestões paulistanas, que jamais priorizaram claramente a população mais pobre da cidade, retorna agora numa aliança com um reconhecido e destacado ativista e líder na luta contra as desigualdades que humilham, degradam e corroem o cotidiano da população pobre numa das cidades mais ricas do mundo.

Vencer em São Paulo hoje é o começo da escalada para a confrontação política mais importante no país, vivida pelas brasileiras e brasileiros nas últimas décadas e que se condensará nas eleições de 2022.

A chegada no segundo turno de um candidato que até então era desconhecido para mais de 40% da população paulistana, traduz-se como a interpretação de um esteio inconsciente onde trabalham as pulsões de vida que reatam ligações que, por sua vez, se manifestam coletivamente restituindo novas formas e conteúdos que se concretizam na ação concertada e coletiva que age enquanto espera; que luta enquanto realiza suas perdas e que trabalha e cria enquanto a destruição se executa.

Todos estão convidados a participar desse trabalho em que o resultado do trabalho para a virada, qualquer que seja ele, revelará uma cidade que quer tomar nas próprias mãos o destino que lhe cabe e, enfim, como disse Caetano Veloso, encontrou e escolheu os governantes que desejam lhe dignificar. Já estamos em festa, mas desejamos, mais adiante, converter os festejos em ação política duradoura que contribuirá para que as forças populares tomem nas mãos os destinos desse belo, surrado e brejeiro país. Um país e um povo que jamais deixou e deixará de cantar, sorrir e sonhar mesmo quando os tempos são de desalento e as previsões anunciam trevas.

Vamos juntes!

Psicanalistas pela Democracia