“Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior” Marielle Franco
O 41o. batalhão de assassinos segue a risca o modelo interventivo do governo Temer. Temer é o maior responsável sim, pela morte de Marielle. É responsável por ignorar todas as críticas feitas pelos estudiosos em segurança pública do país a respeito da truculenta e despreparada intervenção militar no Rio; é responsável por adotar um padrão interventivo, autoritário e arbitrário que já é contumaz entre as policias brasileiras e que deveriam ser severamente controladas, e não incentivadas, em seu modus operandi assassino e ineficaz que grassa pelo país; é responsável por utilizar o uso e a exibição da força para se manter no poder em todas as ocasiões em que tem oportunidade; é responsável e indigno por se manter no poder sem qualquer apoio significativo, dentro e fora do país, e será o responsável por cada morte que ocorrer no Rio de Janeiro e por cada vida ameaçada numa cidade e num país que merecia bem mais do que facínoras sem valores e tiranos no poder, hoje nos lugares mais altos de mando da nação.
Nesse instante o governo Temer prepara uma estratégia para usar a morte de Marielle para justificar a intervenção militar no Rio (https://www.cartacapital.com.br/politica/morte-de-marielle-nao-pode-ser-usada-por-temer-para-justificar-intervencao-diz-psol). Trabalha no nível mais sórdido para convencer os que hoje são vitimados pela violência policial de que a violência é um bem, um mal necessário, o remédio amargo para uma doença de difícil tratamento. Assim fez com o ataque sistemático aos direitos dos trabalhadores; assim fará em sua persistência cega rumo à reforma da previdência. Todos mal necessários.
Raul Jungmann se opõe à federalização da investigação sobre o assassinato de Marielle já proposta por Raquel Dodge. Desde 2001 o relator especial da ONU em visita ao Brasil recomendou que crimes investigados sobre a polícia jamais deveriam ser investigados por policiais. Óbvio não? No Brasil nada é óbvio. Não só hoje é praticamente impossível que crimes praticados por policiais sejam investigados por civis, como querem manter a investigação no âmbito do mesmo estado da federação, impedindo algum distanciamento das investigações para a esfera federal. É puro e absoluto escárnio.
Mais mortes vem ocorrendo. Outras ocorrerão. A ideologia do golpe carrega em suas costas a disposição para violentar, matar e machucar pessoas com o único e principal propósito de manter-se usufruindo de privilégios de modo ilegítimo, nas barbas da população de eleitores usurpados.
O medo não gera apenas reclusão e paralisia. O medo também recrudesce como ódio, como reação intempestiva e desesperada e, se houver pensamento, como ação necessária e urgente em busca de solução e salvaguarda física e psíquica.
Enquanto não houver contundência e oposição inconteste e massiva, mortes, prisões, torturas e abusos continuarão sua escalada no Brasil dos generais num governo que lhes é subalterno. Eles apostam tudo no medo que, obviamente, eles tanto cultivam como têm.
Se só a morte nos une, então de que mais precisaremos?